quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

As botas novas do Soldado

Fatalidades. Segundos, milésimas de segundos. Não se espera. Acontecem... Na velocidade de uma estrela cadente elas acontecem. Passam, como um trovão. Não se espera. É de repente... Podem ser fatais, eternas, fragilidades. É um acidente, propositado ou inconsequente. E tudo passa muito rápido aqui dentro e não se consegue saber no que pensar, como agir, falar... Desculpar-se? Perdoar-se? Fugir? Correr? Esquecer? É que na verdade não é nada de mais... Mas pode destruir a vida, por fim nesse efémero e astuto eu, que nem meu é! Ai! Porquê assim?
Mas foi melhor assim. Tal como disseste, temos de saber com o que estamos a lidar. A inoquidade seria pior, e se dói agora saber, vai passar quando eu acostumar-me com a realidade. Sinto-me sem chão. O vento sopra forte e eu, com os joelhos junto ao peito, enlaço as minhas pernas com os braços e tento aquecer-me do frio forte que o vento sopra. Queria um abraço quente, um alento forte. Um abraço quente que a tua frieza, a tua desconfiança seriam capazes de dar... Queria poder olhar nos teus olhos e dizer que está tudo bem, nada mudou. Eu quero o mesmo, está tudo igual!
De facto existem medos, riscos, receios, perigos, abismos. Dão calafrios, arrepios, estala-se o pescoço, perde-se a voz. Tento diminuir a tensão, todo esse choque causado por uma minuciosidade. Porventura, qual era o gozo da vida sem riscos? Eu arrisco, talvez. Tudo acontecerá se estiver para acontecer. E eu estou em pé. Preparado.