sábado, 30 de outubro de 2010

Again, Again, Again...


E quando acordei estava deitado na calçada, na rua. O temporal estava forte naquela noite. Estava ferido, cansado, sofrido, vivido. Mas a guerra havia acabado, finalmente. Perdi. Mas… A guerra havia acabado! O meu corpo estava pesado. Não conseguia levantar-me. Era como se estivesse totalmente preso ao chão. Era como se a gravidade me puxasse para o centro. Ninguém movia uma palha para ajudar-me. Fechei novamente os olhos e apoiei as minhas mãos no chão.

Com todas as forças que restavam desse soldado que um dia amou, levantei-me, suportei-me nas minhas botas fatigadas, ergui a cabeça, olhei para o céu e sorri. As nuvens se esconderam e foi quando eu vi a lua, e as estrelas.

Aos poucos, com o tempo, as feridas cicatrizavam, estava tudo a ficar como antes, o habitual. Eu estava bem, quase curado. Por vezes ainda sangrava, mas muito menos que antes. A sala de espelhos era minha casa. A preciosa Patrícia era minha confidente e fiel companheira. Era um mar de rosas. Tudo como antes…

E de sorriso aberto apareceste, com um brilho intenso no olhar. E tudo aconteceu. Outra vez. Como magia, na velocidade que passa uma estrela cadente. Levitei quando me tocaste, mal conseguia respirar. Era como se tudo estivesse estagnado. Onde estava o ar? Onde estava o chão? A tua voz soava como o canto das sereias, e petrificavas-me. Perdido, sim.

No mesmo instante o breu cobriu o céu de escuridão. As nuvens que outrora fizeram-me reparar na lua, esconderam-na dos meus olhos. Ouviam-se os passos ensaiados dos soldados. Outra vez deixei-me encantar por angelicalidades de príncipes encantados. Embeveci-me por utopias que eu sabia onde me levariam – ao abismo. A guerra começava outra vez.

Pobre coração frágil e inconsequente. Pobre carne sôfrega e fraca. Outra vez esse soldado estava na guerra. Decidira amar outra vez. Não é questão de aprender. É que há coisas, ingenuidades. E ele parte em guerra. Outra vez. Sem armadura, sem escudo, sem capacete. Parte em guerra somente com a espada. E o coração, ingenuamente de peito aberto para morrer, para sofrer, para cair do abismo e…

Amar.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Rendas a Metro


Simbioses. São dessas ligações térreas e a levantar o pó. São-nas sempre. Bafio cristalizado. Folhas levantadas ao vento. Ciclones d’alma. Um riscar de olhares seguido do acompanha-lo de canto de olho. Dos cantos recondidos e dos impasses a muletas. Das copas faz-se espadas, e das espadas espera-se ouros. São dualidades. e traços a carvão. Parentescos ao intimo... Medos. Impasses. É como estar a beira do abismo e querer saltar, mas ao mesmo tempo não querer saltar. Viver tudo como foi antes. No fundo, há sempre os regressares ao tumulto. e às origens ternas. Aos fantasmas de sempre ao embalar típico. são sempre trivalidades ao encargo do relógio. e dos dissabores também.

Porque a sala dos espelhos sempre estará lá, repleta de anjos e manjares. E o penhasco, o abismo também. Dualidades. Render-se. Desejar. Necessitar.

Os penhascos sabem a monotonia. São-los sempre iguais. De cores tépidas. E de temperaturas de abraço frio. Hum-hum, são-los assim. Imperadores de trono, apenas.

Mas, será o tumulto muito melhor? Viver toda a vida numa sala de espelhos que transborda angelicalidade, pouco angelical ausente de angelicalidade? Não, talvez ess'alma aqui perdida que és tu eu deve ser redimida. Deve deixar cair-se do cume do penhasco e entregar-se a monotonia na qual esse a acorrenta. Fundir esse tu que sou eu em um nós.

São elas quedas vertiginosas. Piques de adrenalina e jogar xadrez de olhos vendados. Sim, são apostas de paradas altas. Emoções ao rubro. Sorteios. Tiros ao escuro. São isso. São pedacinhos de vidro, pés acima, pele debaixo. Apostas. São jogos.

Esculpem-se santos no vento e quimeras imergem na cabeça. A utopia preenche o corpo e os castelos de cristais deixam-nos de pensamento dúbio.

São-las monstros. Permanências de medos no canto empoeirado. São pausas que se dá na vida e submissões de orgulho. Sim, esticar as pernas e pegar o copo Martini. Intrigam-me, os cadáveres. Faltam-lhe as palavras.



By: WhoWhantUrBite & Psycoo De La Cole

domingo, 17 de outubro de 2010

Âmes Déchirées des Enfants Oubliés


E o primeiro ponto de luz rasgou o grande infinito lençol escuro cor de breu, lá em cima, onde ninguém pode tocar. O vento soprava sobre as árvores fazendo som de música aterrorizadora. Eram gritos oriundos de crianças tristes, magoadas, terrificadas, outrora esquecidas na terra do nunca. Almas dilaceradas que ainda sangram, perfuradas pela dor do esquecimento, pela falta de compaixão. As persianas das vizinhas dançavam, debatiam-se abafando o grito desesperado das crianças.

Os meus braços cruzados apertavam o meu corpo. Minhas mãos como garras, cravavam-se nos meus cotovelos. Meus pés dirigiam-me rumo ao não sabemos bem para onde. Uma viagem sem destino. E se existisse destino… Bem, não me interessava. Era como se os caminhos estivessem ladrilhados com pedrinhas de brilhante por algum príncipe encantado, outrora vindo de além-mar. E meus pés tinham o mapa, o quadrante e a bússola. Meus pés sabiam muito bem para onde levar esse corpo vazio de alma e coração palpitante, sonhador, preso por arames e correntes e dilacerado por lembranças do passado.

Cravadas no pensamento estavam as palavras que disseste. Como feridas abertas feitas a sangue frio, sem dó, nem piedade, nem pudor. É que antes de agir temos de pensar duas vezes. É que antes de soltarmos palavras ao vento temos de reflectir... Qual o efeito delas nas almas dilaceradas que ainda sangram, perfuradas pela dor do esquecimento, pela falta de compaixão, das crianças tristes, magoadas, terrificadas, outrora esquecidas na terra do nunca?

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Patrícia in Wonderland - No more!

Não. Não mais… Toda aquela alegria vivida na Sala dos Espelhos transformou-se no maior pesadelo de sempre. Olhares. Árvores. Cadeados. Tecidos. Olhos. Pupilas dilatadas. Pânico. Pântano. Perseguição. Medo.

Dói o corpo, dói a alma… Uma dor inexplicável. Uma dor que só a morte parece solução. Gritos atormentam o meu sono. A música que outrora serviu para dançar, serviu de estímulo para a felicidade, a mesma música agora perfura a carne como uma faca de dois gumes.

Tudo se torna dor, medo. A saudade da família, os medos da escola, o amor, o dinheiro… O respirar transforma-se em suspirar, ofegar, desesperadamente. Todo o pânico, toda a tristeza vem ao de cima.

Até que, finalmente os anjos repousam. Somente a caneta sobre a folha de papel faz som estridente cor de sangue vermelho escarlate. Eu derramo-me em lágrimas e por fim adormeço.

Não, não mais… Nunca mais!