sábado, 29 de janeiro de 2011

A Fidelidade do Castro


E a fidelidade do Castro me fez ver que a amizade verdadeira é possível. Depois daquele tiro no calcanhar, daquela flecha atravessando o meu tendão, eu não queria acreditar mais nisso. Sem oportunismos, interesses, a amizade verdadeira ainda existe! Em sã, ou insánea consciência, és aquele que não deixas a fidelidade findar. És aquele que de amigo posso chamar. Não foram nem uma, nem duas atitudes que me levaram a construir esse ideal sobre ti na minha cabeça... Foi um acumular de bons actos. Defeitos? Bem, qualquer um de nós tem. E se não tivesse, as coisas não seriam como são...
São as nossas loucuras, viagens, risadas, medos e perdições. Salas de Espelhos, ou então onde São Pedro de Alcântara é o padroeiro. Que a fidelidade do Fiel amigo Castro nunca me falte. É o meu desejo. Sem interesses maiores, apenas fidelidade. Nada mais interessa.

Obrigado, amigo.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sarau à beira do Rio




É porque tudo na vida tem um senão, compreendes? Principalmente a felicidade. Existe sempre um preço a pagar, um pacto a fazer. O nosso talvez seja esse. Simplesmente vamos deixar as coisas acontecerem. Senta-te ao meu lado e vê o rio correr... Vamos fluir com ele, por mais que a nossa foz seja breve. Olha lá a frente: vês o barco de papel que libertamos sobre a água? ainda não afundou. E isso, no fundo... bem... são sinais. É a esperança que não desagua, nem transborda. Flui, escorre. Tão calma como as águas deste rio as coisas acontecerão, se tiverem que acontecer. A grande verdade é que todos têm o seu fardo por carregar, a sua sina. Agora, não fales mais - sussurro-te no ouvido : senta-te ao meu lado; deita a tua cabeça no meu ombro; abraça-me, e vê o rio a correr. Agora mais nada interessa: sortes à ventura! Esquece os medos. Permanece em silêncio... Eu também vou me calar, pois existem conversas que são em silêncio.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

As botas novas do Soldado

Fatalidades. Segundos, milésimas de segundos. Não se espera. Acontecem... Na velocidade de uma estrela cadente elas acontecem. Passam, como um trovão. Não se espera. É de repente... Podem ser fatais, eternas, fragilidades. É um acidente, propositado ou inconsequente. E tudo passa muito rápido aqui dentro e não se consegue saber no que pensar, como agir, falar... Desculpar-se? Perdoar-se? Fugir? Correr? Esquecer? É que na verdade não é nada de mais... Mas pode destruir a vida, por fim nesse efémero e astuto eu, que nem meu é! Ai! Porquê assim?
Mas foi melhor assim. Tal como disseste, temos de saber com o que estamos a lidar. A inoquidade seria pior, e se dói agora saber, vai passar quando eu acostumar-me com a realidade. Sinto-me sem chão. O vento sopra forte e eu, com os joelhos junto ao peito, enlaço as minhas pernas com os braços e tento aquecer-me do frio forte que o vento sopra. Queria um abraço quente, um alento forte. Um abraço quente que a tua frieza, a tua desconfiança seriam capazes de dar... Queria poder olhar nos teus olhos e dizer que está tudo bem, nada mudou. Eu quero o mesmo, está tudo igual!
De facto existem medos, riscos, receios, perigos, abismos. Dão calafrios, arrepios, estala-se o pescoço, perde-se a voz. Tento diminuir a tensão, todo esse choque causado por uma minuciosidade. Porventura, qual era o gozo da vida sem riscos? Eu arrisco, talvez. Tudo acontecerá se estiver para acontecer. E eu estou em pé. Preparado.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A Fábula dos Leões


Não, eu não! A não ser que queiras, mas eu não! Uma gazela perdida na savana é a presa de dois leões famintos, ambos a correrem na sua direcção. Um dos leões não quer lutar, mas também não desistirá. O outro tem a mente codificada, nada se sabe quanto ao que cogita, se... Mas, por favor, não o queiras, nem o faças. Quer-me a mim que te quero tanto e não te farei sofrer. Não o faças. E seguem, numa corrida incessante, sem pausas. Os leões riscam-se com olhares, esforçam-se, mas... Chegarão em simultâneo, certamente. Ambos correm na mesma velocidade, com a mesma intensidade, o mesmo vigor. Pelo que parece, a contenda se findará com a morte de um leão. Estão ambos próximos do alvo, e lutam ferozmente pela gazela que corre, desnorteada. Só que... Quero, anseio, desejo. Faço tudo. O teu desejo mais insano eu realizaria. Excentricidade. Pede: Eu faço. Mato, morro, roubo, fujo, escondo, luto, choro, sorrio, finjo, desisto, insisto, existo, faço, aconteço... Uma coisa é certa: o ódio será derramado. A dor será sentida, a tristeza existirá . Um será derrotado, ou abrirá mão (impossível). É veredicto que o pacto fizeste e deves honrar com a tua palavra. Mas... Não quero que o faças, triste. Por mim, sabes que não... Mas se quiseres, eu aceitarei, respeitarei, com alguma tristeza, dor, angústia. Porventura suportarei? Guerrilhas, são. Eu te amo.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Suficientemente és (Bem que se quis!)


Eu nunca fui. Nem nunca serei. Foi como se quis (e ainda bem que se quis ). Bem que se quis que fosse tudo de outra forma, quis-se que tudo mudasse, fosse diferente. Só que eu não quis . Porque se eu não quisesse que fosse assim, não seria. Seria diferente. Diferir-ia completamente do eu que sou eu... E eu não te conheceria. Tu, o mais puro dos meus desejos, dos meus anseios. O meu anjo, meu passado, meu presente... Pelo futuro apenas aguardamos: nunca se sabe o que nos espera. Num piscar de olhos tudo se vai, pois é efémero, ó destino cruel!

Estás gravado, cravado em mim. És tudo o que penso, mais que o ar que eu respiro. Se eu de barro fosse feito, eras tu o meu sopro de vida. Tenho sede de ti. Em mim é como se batesse o teu coração, e o teu sangue corresse nas minhas veias. Quem explica essa física, sem física, qual metafísica? Nada, nem ninguém. É puro, genuíno. E o segredo é... Mistério eterno. Imutável é o que sinto por ti. Nem por metamorfose as asas da borboleta ficariam mais belas. Indubitável é o que guardo no peito. Nem as leis da física são mais certas. Podes ter mais certeza do que da veracidade do ar que respiras.

És tu, só tu, sempre tu, tu és.