quarta-feira, 23 de junho de 2010

Angeologia I

Olhos de cristal, encantadores:
Basta olhar nos olhos,
Basta olhar-lhes nos olhos para ser…
Encantado.

Lábios macios, carnudos
Sedutores, quentes,
Aveludados:
Tiram a razão,
Libertam a demência.

Exalam perfume divino:
Algo divinal, puro, viril.
Inebria, fascina,
Petrifica.

Corpos fenomenais,
Esculpidos pelo mestre.
Detentores de sopro divino,
Detentores de vida, em abundância.
Sangue. Muito sangue.



Perfeição.
Pureza.
Manjar divino.
Angeologia.

sábado, 12 de junho de 2010

Basta acreditar!







Hold your dreams
Don't ever let it go
Be yourself
And let the world take notice

You'll find strength
When people being you down
They will see
If you will only, only believe

Fame- Hold Your Dream

terça-feira, 8 de junho de 2010

Sodomia II


Da minha frente desviei o véu de grinalda que vinha lá de cima, do céu. Aquele véu misteriorizava um mundo novo. Era pesado, espesso, e tinha várias camadas. Suspeitava que estava a fazer algo que não devia. Mas… Mas… Mas é que o mistério me encanta, pronto. Admito. Não consigo ver uma porta entreaberta e não espreitar por lá. Sou curioso, aventureiro. Foi quando pus então minha cabeça para espreitar . A brisa, a lasciva brisa, devassa, trapaceira e desafiadora pensara trapacear-me quando soprou um vento forte empurrando-me para o mundo detrás da grinalda. Era um vento fresco, vindo do oriente. Cheirava a Jasmim, a Cerejeira, Lavanda, a relva acabadinha de cortar, e a enxofre. Deixei-me ir. Entreguei-me às trapaças da brisa e fui. Não sabia para onde ia, rumo ao desconhecido ia. Caía de uma altura impressionante, uma descida vertiginosa e assustadora. Parecia que não ia acabar. Foi quando lembrei que tinha asas.
A força da gravidade era tanta, mas tanta que caí. Caí numa sala de espelhos, de onde não podia voar. Uma sala de espelhos com uma só saída, aquela porta. Estava tonto, com náuseas. Sentia-me fraco, sem forças. Mas não desisti. Qual brisa desafiaria um anjo?
E na sala do espelhos haviam anjos, de todas as cores, de todas as formas, de todos os sabores. Ao som de GaGalicious, música angelical, dançavam, freneticamente, de corpos despidos, completamente suados, despidos de vergonha... Espectáculo incansável. Veria e reveria outra e outra e outra vez.... Quem sabe outra ainda! E o prisma, nas suas variadas posições reflectia neles, nos anjos, diferentes cores e desvendava os seus rostos, angelicais, promíscuos. Estava eu no mundo real? Era aquele o meu mundo? Não sei. Nem quero saber. É aquele simples ditado "relaxa e goza". E entreguei-me. Desisti. Ergui a cabeça, levantei-me e desisti. Entreguei-me. Entreguei-me durante horas horas incessantes, até que clareou o dia, o sol nasceu e eu ainda estava lá. Dancei como eles, entrelacei-me nos seus corpos, entrelacei-me à perdição, ao pecado, ao proibido. Era certo. Era errado. Bebi do que eles bebiam: a bebida dos deuses, da imortalidade, para que nem força nem ânimo faltasse, nem mesmo vitalidade. Mas, não adiantou, de nada serviu. Cansei-me e entreguei-me à poltrona vermelha que a instantes olhara para mim. E tudo valeu a pena. Foi um simples momento, sim um simples momento na terra de Alice, terra do Nunca, País das Maravilhas. Memórias.