terça-feira, 16 de novembro de 2010

Carnalidades



A ponta aguçada da lâmina, que de tão límpida espelhava minha alma, perfurava o meu pulso esquerdo. A lâmina da faca de dois gumes aos poucos, lentamente, penetrava a minha derme, fazendo transbordar o meu sangue, ao rubro.
É um corte na carne que dilacera a alma. A navalha ensanguentada cai ao chão e tinge em tons de escarlate o cristal límpido. Os olhos, repletos de raiva, repletos de lágrimas e de amargura, eles afogam-se e desaguam na pele da alma cor de ébano. As gotas cristalinas caem sobre a mesa de cravo cravado em dor, laços feitos com defeitos, sem efeitos. Caem as gotas fazendo soar o fado triste, oriundo lá de dentro, bem das masmorras do coração. A garganta arranhada que gritou todo o seu amor e sofrer está em putrefacção, confinada em estados d’alma, dos quais não se desacorrenta, não se solta.
. Tudo terá dias melhores, menos tenebrosos. Dias em que ao sair de casa, deixando o cofre em tuas mãos, ter a certeza que ao regressar ele ainda lá estará a palpitar por ti. A esperança não está morta.
“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar, para pensar, a verdade não há”. E assim, findo o meu estado de alma, aqui. Quiçá esqueceste-te de tudo de bom experimentado quando fomos um só. Trocaste tudo. Tudo por prazeres banais. Tolices tuas, banalidades, carnalidades.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Palavras do Profano


São mais do que palavras. Sentimentos. Algo cá dentro que arde, que não sei explicar.

Porque palavras, bem… Palavras ao vento todos podem soltar. Podes muito bem sussurrar-me ao pé do ouvido coisas lindas e promessas de reinos encantados e profanidades… Ingenuamente, vulnerável, eu posso acreditar.

Porque sentimentos não iludem. Se verdadeiros, são genuínos. Sentimentos fazem vibrar. É o acordar pela manhã e apressares todo o teu dia para transbordares teus sentimentos sobre aquilo que sentes.

Realidade, pés no chão, cabeça erguida e foco no alvo. Muito mais do que palavras perdidas, não sentidas. Um viver sob um manto, atrás de uma máscara. Tenebroso, repreensível, repugnante. Seres humanos, falsos profetas, usurpadores de palavras.

Eu não quero faze-lo mais. Não quero ser a razão pela qual, toda a vez que saio porta a fora, sinto-te morrer dentro de mim. Não quero ter a culpa de um assassino. Não quero

E só existem duas decisões a tomar, dois caminhos a seguir: esquerda e direita.

Vais ou ficas?

Caminhos. Decisões.