domingo, 17 de outubro de 2010

Âmes Déchirées des Enfants Oubliés


E o primeiro ponto de luz rasgou o grande infinito lençol escuro cor de breu, lá em cima, onde ninguém pode tocar. O vento soprava sobre as árvores fazendo som de música aterrorizadora. Eram gritos oriundos de crianças tristes, magoadas, terrificadas, outrora esquecidas na terra do nunca. Almas dilaceradas que ainda sangram, perfuradas pela dor do esquecimento, pela falta de compaixão. As persianas das vizinhas dançavam, debatiam-se abafando o grito desesperado das crianças.

Os meus braços cruzados apertavam o meu corpo. Minhas mãos como garras, cravavam-se nos meus cotovelos. Meus pés dirigiam-me rumo ao não sabemos bem para onde. Uma viagem sem destino. E se existisse destino… Bem, não me interessava. Era como se os caminhos estivessem ladrilhados com pedrinhas de brilhante por algum príncipe encantado, outrora vindo de além-mar. E meus pés tinham o mapa, o quadrante e a bússola. Meus pés sabiam muito bem para onde levar esse corpo vazio de alma e coração palpitante, sonhador, preso por arames e correntes e dilacerado por lembranças do passado.

Cravadas no pensamento estavam as palavras que disseste. Como feridas abertas feitas a sangue frio, sem dó, nem piedade, nem pudor. É que antes de agir temos de pensar duas vezes. É que antes de soltarmos palavras ao vento temos de reflectir... Qual o efeito delas nas almas dilaceradas que ainda sangram, perfuradas pela dor do esquecimento, pela falta de compaixão, das crianças tristes, magoadas, terrificadas, outrora esquecidas na terra do nunca?