sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

EntreLaços

“Temos que escrever um texto em conjunto!
Fazemos assim, cada um começa com uma frase ou algo… e o outro completa.
Ok, mas tem tema?
Não! Vai escrevendo como te apetece…”

E é quando a esfera de vidro em que tinha, cai ao chão.
O som do cristal a partir-se deu-me um gozo inexplicável.
Deu gozo e vibrou cada pedaço desse cristal barato ao compasso suave do palato duro, esse que se aloja na base do meu crânio e vibra ante cada entoação da minha garganta. Vibra.
Aquelas pequenas e frágeis partículas de cristal dançavam pelo chão, uma coreografia vertiginosa e intrigante... Dançavam... Ao som de Lua Cheia.
Dançava e não faziam mais que coreografia de pouco deleite que outrora me regalou os olhos e ameaçava explodir-me o coração do peito, tamanho sentimento que lá acolhia.
Minha vontade era apertar aqueles pedacinhos de cristal inofensivo cortante nas minhas mãos, até sangrar o sentimento que o meu coração bombeava... Um TUM TUM doloroso, reprimido, sedutor, malicioso... Um TUM TUM que só eu sabia o que era...
Era um bater mirabolante e sabias isso muito bem. Porem cessou. Cessou e não faz tum tum mais não. Está parado, estático. Deitei fora a sedução e a malícia que acompanhavam os teus ritmados bateres que em mim causavas e substitui-os por compaixão a mim. E sacudi vitoriosamente a poeira dos ombros após a queda.
A malícia, para onde foi? - Perguntei-me a mim mesmo. A malícia transformou-se em amor próprio…Um amor inexplicável pelo eu...Nesse instante meu semblante tornou-se completamente sedutor... Sabe aquele sorriso que só eu sei fazer?
Há lá voltas e voltas que nos são impostas e não há mais a esperar do tempo que os contrastes actuem. É ai que diferenças de assentam e a poeira voltam para retomar o seu lugar. Retoma o seu lugar por entre tumultos silenciados e melodias monocórdicas de uma voz silenciada.
Mas minhas mãos estarão sempre aqui, perseverantes, para que, quando ela voltar, eu a sacuda, repita tudo aquilo outra vez... Sem piedade. Sem dificuldade alguma... Um anjo é forte! Quem o derruba?
E não adianta ela me procurar em outros timbres, com outros risos... O anjo identifica a poeira independentemente das suas camuflagens... Afinal de contas um anjo, é forte! Quem o derruba? Ela procura-me. Mas o anjo identifica a poeira.
São fortalezas de espírito e balançares de asas leitosas e com plumas caídas. Caídas de uma batalha internamente travada e a pouco custo ganha. São fortalezas de areia e impérios de água. Penas à mistura.
Vale a pena discutir o sexo dos anjos?
Psyco & Mr.P'